domingo, 1 de abril de 2018




ADEUS Ó PENEIRAS!...






Ó vizinha, mas que merda de tempo este! Todas as vezes que o tempo está bom e eu digo que vou à praia é sabido que chove.... Sim, à praia, não sei porque é que se admira tanto, criatura! Se começar agora a tomar um pouco de sol depois não pareço um frango de aviário. Já tinha tirado os bikinis cá para fora mas fiquei fintada. Voltou a chuva e o frio e tenho uma máquina de roupa para lavar. Olhe vai amontoando, quero cá saber não estou para me ralar.

Ó que tempo mais chato!

Já viu a nossa vizinha de cima com umas botas quinté parece um domadora de feras? Deve ter ido a alguma liquidação total duma sapataria de teatro... Faz cá uma figura... Ainda por cima com aqueles caniços tortos que inté parecem uma atenaz! Mas rastapartice a mulher que não tem espelhos em casa! E o anhuca do marido todo se derrete quando sai com ela... Ah, sim... quer comparar com as minhas botas? São bem giras, fique sabendo e trouxe-as de Paris de França, pois então! Não é lá qualquer merdice! Além disso não tenho caniços a espreitar pelos canos... A filha anda com um arame nos dentes quinté parece o freio de um cavalo. Está o mundo rôto, chove como na rua. E vocemecê que não arranjasse uma desculpa... Não é nada para endireitar os dentes, senhora! Aquilo é para enfeitar! Era bem melhor que lavasse as favas... Adeus, ó peneiras... E você que não começasse a fazer comparações... Estou farta de lhe dizer que a minha Sandra é uma rapariga moderna mas como deve de ser. Não tem nada a ver com aqueles mostrengos... O quê?... não tem mamas? Olhe é melhor assim do que ser como a Adozinda que antes de chegar já lá está. E vosmecê continua do contra... Eu quero lá saber da vizinhança! Mas também lhe digo que esta aqui do lado desde que anda a aprender a tocar piano não se cala de matraquear nas teclas. Coitada... armada em ladi... Adeus ó peneiras... Ela devia era de ir coser as meias do marido que deve andar com os dedos de fora! Mas não... deita-as fora...Como sei? Ora... vi no caixote do lixo... tudo se sabe... Proquê, , você não cose as batatas ao seu Martins? Gosta mais de fritas?... Não é dessas alminha! Eu não disse batatas-batatas, mas batatas-buracos, tá a perceber?! Chiça que é de inteligência curta...Alto ai... alto aí, eu não lhe chamei estúpida só que me irrita quando começa a fazer-se se desentendida!.

Eu quero lá saber da vizinhança! Chega-me a minha vida, sabia? Mas olhe... também lhe digo que não devia de receber na sua casa a Catrina... Quem a avisa sua amiga é... Ah,quer saber porquê... Olhe porque ela anda sempre a badalar  o que vê na casa dos outros. Conta tudo o que vê mais o que inventa. É uma linguaruda desgraçada e cá em casa não mete ela o rabo, não... A mim não me engana... Agora anda a fazer musculação... Dantes eramos amigas?... Espere lá está enganada... Eu não quero nada com essa senhora-gaja de portas-a-dentro desde que ela começou a dar palpites na minha vida... Pronto, já me calei. Eu inté não quero saber de nada disso, só quero é que não me chateiem. Daqui a pouco nem sei como hei-de falar consigo...

Ai este tempo põem-me doente... Quero ir à rua mas com este vento nem posso abrir o chapéu... Devia ter comprado uma gabardine como a da Laura. Com aquelas manchas pretas até parece uma vaca... Sim, sim... diga-me dessas... Ai que ainda me dá uma coisinha...  olhe ... vá ver se estou lá fora e poupe-me, óviu? Conversas de alforge-ameixas- a quatro, como dizia a minha avó NÃO!!! a burra não tem alforge, não tem ameixas, não tem estribo e eu já estou a passar-me dos carretos...  


Vou mas é fazer o jantar que eu não me alimento de "alpista" como a minha nora... Não é isso, santinha...

Vá, vá fazer o seu jantar também  senão o seu Martins passa-lhe um sermão. Até amanhã e durma bem.

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Estas conversas dão-me cabo dos nervos... Lá vai mais um Xanax.... Ora eu nam quero saber nada da vida da vizinhança... A vizinha Ingélica está mas é a ficar gágá... Também não admira... com a vida que leva...

Mas que tempo...Agora só faltava que o filme da televisão não prestasse...