domingo, 13 de abril de 2014

VIZINHA (IN)DISCRETA

 
Ó vizinha venha cá,
Venha ver a Lianor
Aquilo é que é descarada,
Raio da moça, estupor!
Anda com a saia tão curta
Que traz quase o rabo à mostra!
Outro dia já lhe disse
E sabe qual foi a resposta?
"Ó mulher, o que é que quer,
Quem lhe pediu opinião?
O rabo é meu, e depois?!
Cale-se lá, pois então!"
Deu-me cá umas ganas
Que lhe ia indo às ventas!
Estas raparigas d'agora
São mesmo umas peneirentas...
Olhe o homem, olhe lá...
Até está parvo a olhar!
Quem lhe desse uma lambada
E o mandasse trabalhar!
Ela até faz de propósito,
Olhe lá, como rebola
Quem lhe acertasse com uma merda
Bem no centro da carola!
Malvada da rapariga
É mesmo provocadora,
Mas se volta a responder-me
Ainda leva com a vassoura!
E a filha da Etelvina!
É maluca como ela.
Essa, mal entra em casa
Põe-se logo à janela!
Esta daqui do lado
Também pensa que é boa...
Eu digo-lhe cá uma coisa
Que até lhe cresce a meloa...
A "meloa", ó senhora!
A meloa é a cabeça!
Não comece... não comece...
Veja lá não me aborreça!
Isto é só a gente a falar,
Não é ser má língua, não.
Tenho olhos para ver,
Ora essa, pois então...
O marido desta do lado
Beija o chão por onde ela passa.
Coitada, não tem espelhos,
Pra ver como está carcaça!
Ó mulher, deixe-me falar,
Não querem ver a chatice!
Ainda vossemecê  não viu
O que anda a fazer a Alice!
Essa também está na lista
Para ouvir um responso.
Tenho pena é do marido,
Coitado, pobre Afonso...
O que é?! Olhe, abra os olhos
Não ande sempre na lua,
Às vezes até parece
Que não mora cá na rua!
Olhe a Lianor,e olhe lá...
Olhe lá para o basbaque...
Vou-me embora lá para dentro
Antes que me dê um ataque!

Publicada no Escritor Famoso (Extra Concurso)




2 comentários:

  1. Boa noite vizinha.
    Que bom ter encontrado este cantinho onde a poesia tem o dom de tratar a depressão mais renitente.
    Entrei aqui com o astral pelas horas da morte e saio feliz da vida.
    Obrigado vizinha por este momento de boa disposição.
    Uma boa noite e um óptimo fim de semana.

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